A galáxia mais antiga

27-01-2011 09:09

Astrónomos afirmaram nesta quarta-feira ter captado a imagem da que pode ser a galáxia mais antiga já vista, um conglomerado de estrelas que passou a existir quando o universo era apenas um bebé.

A minúscula mancha de luz, captada pelo telescópio orbital Hubble, levou 13,2 mil milhões de anos para chegar à Terra, o que significa que a galáxia nasceu cerca de 480 milhões de anos após o "Big Bang".

Segundo os cientistas, é provável que haja galáxias mais antigas, mas só serão detectadas com sensores de nova geração a bordo do sucessor do Hubble.

"Estamos a aproximar-nos muito das primeiras galáxias, as quais achamos que se formaram por volta de 200 a 300 milhões de anos após o Big Bang", disse Garth Illingworth, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Astrónomos que medem a idade da luz estelar buscam algo chamado desvio para o vermelho: quanto mais a luz viaja, maior e mais para o vermelho é o seu comprimento de onda. Assim, um grande desvio para o vermelho indica que o objeto é antigo uma vez que a luz por si emitida levou milhares de milhões de anos para atravessar o universo.

A galáxia recém-encontrada, baptizada de UDFj-39546824, foi descoberta numa minúscula área do céu denominada Campo Ultra Profundo do Hubble durante 87 horas de varrimento entre 2009 e 2010. A equipa de investigadores que descobriu esta galáxia calcula que o seu seu desvio para o vermelho seja de 10.3, cifra que a torna muito mais velha do que o registro anterior existente de antiguidade de uma galáxia, de 8.6, anunciada por uma equipa internacional de cientistas em Outubro passado.

"Este resultado está no limite das nossas capacidades, mas mas são necessários meses de testes para confirmá-lo, portanto agora sentimo-nos muito confiantes", declarou Illingworth em um comunicado.

Pela sua antiguidade, esta remota galáxia é pequena. A nossa Via Láctea, por exemplo, é 100 vezes maior.

As observações também encontraram outras três galáxias com desvios para o vermelho superiores a 8.3.

Segundo o estudo, colocadas juntas, estas descobertas sugerem que as galáxias passaram por uma mudança dramática entre 480 e 650 milhões de anos após o Big Bang. Durante estes 170 milhões de anos, a taxa de nascimento estelar no universo aumentou dez vezes.

"Este é um aumento impressionante num período tão curto, correspondente a apenas 1% da idade atual do universo", destacou Illingworth.

As estrelas e as galáxias multiplicam-se e isto sustenta teorias de que a formação galáctica é forjada pela atração gravitacional de um elemento ainda pouco conhecido, a matéria negra.

As observações foram feitas com a nova Câmara de Campo de Visão Amplo 3, instalada no telescópio Hubble por astronautas da Nasa numa missão levada a cabo em Maio de 2010 .

A Câmara de Campo de Visão Amplo aumentou em pelo menos 30 vezes a sensibilidade de desvio para o vermelho em comparação com o equipamento anterior do telescópio. Mas um desvio para o vermelho de 10.3 provavelmente está no limite de sua sensibilidade. Para mergulhar ainda mais no tempo, os astrónomos precisarão do Telescópio Espacial James Webb, que a Nasa espera lançar em 2014.