Cientistas próximos de recriar os primeiros intantes do Big-Bang

11-11-2010 15:09

Os cientistas dizem que estão mais perto de recriar as condições que existiam no momento em que o Universo nasceu, depois de terem criado com sucesso nos seus aceleradores de partículas um “mini Big Bang”, uma espécie de miniatura da explosão primordial que, segundo dizem as actuais teorias da física, há quase 14 mil milhões de anos deu origem a todo o Universo.

 

Ver conjunto de imagens das colisões da experiência ALICE em https://aliceinfo.cern.ch/Public/en/Chapter1/fstablebeams.html

A experiência denominada “ALICE” teve lugar a 7 de Novembro no Large Hadron Collider (LHC) ou Grande Colisor de Hadrões, que está instalado perto de Genebra, num túnel circular de 27 quilómetros de comprimento, situado debaixo da fronteira franco-suíça.

Pela primeira vez, uma equipa multidisciplinar de cientistas internacionais, esmagou iões de chumbo uns contra os outros, a velocidades próximas da da luz, “à temperatura e à densidade mais altas alguma vez conseguidas", explicou um dos investigadores envolvidos no projecto, David Evans da Universidade de Birmingham.

“Um milhão de vezes mais quente que o sol”“Estamos excitados com este sucesso”, disse Evans “este processo ocorreu num lugar seguro e num ambiente controlado, criando bolas de fogo atómicas incrivelmente quentes e densas, com temperaturas de mais de dez milhões de milhões de graus; um milhão de vezes mais quente do que no centro do Sol”, explicou o cientista, “A estas temperaturas, até os protões e neutrões derretem, resultando numa sopa de quarks e gluóns conhecida como plasma quark-gluón”.

Michael Tuts, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, diz: “O que estamos aqui a fazer é a reproduzir as condições que existiam nos primeiros momentos do Universo, alguns milionésimos de segundo após o Big Bang”.

Segundo explicou à CNN este investigador, o ião de chumbo é um átomo de chumbo que não contém electrões, e que por isso é mais semelhante à matéria que existia nos primeiros milionésimos de segundo a seguir ao princípio do Universo.

Os blocos do UniversoAo combinarem elementos cada vez mais básicos os cientistas esperam compreender como é que as várias partículas se juntaram para criar o moderno Universo e tudo o que ele contém.

“Temos esperança de compreender como é que fomos criados, como é que estes constituintes (básicos) se combinaram para formar protões e neutrões, que por sua vez constituem os átomos de que somos feitos", disse o professor Tuts .

Os cientistas calculam que microsegundos após o Big bang, havia uma “sopa quente” de partículas denominadas quarks e gluões a uma temperatura de cerca de dois milhões de milhões de graus acima do zero absoluto. Embora estas partículas nunca tenham sido vistas directamente, elas são, em teoria, os blocos de construção das partículas maiores, os protões, neutrões e electrões que formam o Universo tal como o conhecemos hoje.

Até agora o maior acelerador de partículas do mundo, que é gerido pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), tem vindo a fazer colidir protões, num esforço para decifrar os mistérios da formação do Universo.

A esperança é que as colisões de protões permitam descobrir o misterioso “Bosão de Higgs” , que alguns alcunharam de “a partícula de Deus”, e indícios que possam apoiar recentes teorias da física como a da “Supersimetria”.

Não obstante, durante as próximas quatro semanas, os cientistas do CERN vão concentrar-se na análise dos dados obtidos das colisões obtidas esta semana no LHC.

Depois de terminadas as experiencias com iões de chumbo o Grande Colisor de Hadrões deverá voltar a sua tarefa rotineira de esmagar entre si protões.

Mais informação actualizada e detalhada da actividade no CERN e do LHC em particular no site https://www.symmetrymagazine.org/breaking/category/lhc-updates/ .