Investigadores criam cabo que liga cérebro a computador

19-11-2012 15:02

 

Investigadores da Universidade de Michigan acabam de apresentar um cabo muito fino capaz de 'ligar' directamente o cérebro humano a um computador. O dispositivo é tão preciso que pode mesmo conectar-se a células individuais. O estudo está publicado na «Nature Materials».O cabo é um filamento de carbono revestido de plástico de modo a que os sinais eléctricos dos neurónios não provoquem interferências indesejadas. Numa das pontas, está impregnado com um gel cuja finalidade é a acoplar-se perfeitamente às membranas das células cerebrais e transmitir e receber delas sinais eléctricos. O outro extremo está conectado a um computador para que os sinais que o cérebro emite chegam directamente à máquina com grande clareza.

 

O eléctrodo, explica Nicholas Kotov, um dos investigadores que desenvolveu o dispositivo, tem um diâmetro de 0,007 milímetros, muito menos do que os anteriores. Além deste ser mais preciso, pode conectar-se a qualquer tipo de dispositivo, por exemplo, a uma prótese.

Os impulsos eléctricos viajam através do cérebro por movimentos de iões ou átomos com cargas eléctricas, e os sinais movem-se através do gel da mesma maneira. Do outro lado, a fibra de carbono responde aos iões movendo electrões que traduzem eficazmente o sinal do cérebro para a linguagem dos dispositivos electrónicos.

O cabo foi já testado em ratinhos e teve bons resultados. No entanto, os autores do artigo esclarecem que ainda não está pronto para ser utilizado em seres humanos.

Quando estiver, vai contribuir para revelar numerosos mistérios sobre o cérebro e o seu funcionamento, entre eles a forma como os neurónios comunicam entre si ou o traçado exacto das 'autoestradas' que cruzam o cérebro transportando a informação que este processa continuamente.

Um dos maiores problemas ainda por resolver é o tempo de 'validade' do eléctrodo. Para que possa ser utilizado, por exemplo, numa prótese, o cabo deverá resistir durante anos sem degradar-se. Até agora, os testes duraram apenas seis semanas. Desconhece-se, por isso, como poderá evoluir em períodos longos.

 

 

Artigo na Nature Materials: Ultrasmall implantable composite microelectrodes with bioactive surfaces for chronic neural interfaces