Descoberto sistema solar com 6 planetas
A Nasa anunciou nesta Quarta-feira a descoberta, graças aos dados do telescópio espacial Kepler, de seis pequenos planetas que orbitam em torno de uma estrela semelhante ao Sol. Os planetas são formados por uma mistura de rochas e gases, possivelmente incluindo água no estado líquido. O sistema planetário está a uma distância 2 mil anos-luz da Terra.
Os planetas orbitam dentro de um sistema que foi baptizado como Kepler-11, e que chamou a atenção dos cientistas por ser composto por um elevado número de planetas, de pequenas dimensões e muito próximos uns dos outros (na verdade o conjunto das seis órbitas aglomera-se numa região equivalente à distância entre Mercúrio e Vénus). Todos os planetas que orbitam a estrela são maiores do que a Terra, com os de maiores dimensões a poderem ser comparados a Urano ou Neptuno.
A descoberta é importante porque são poucas as estrelas conhecidas que albergam mais do que um planeta circulando em seu redor e a Kepler-11 é a primeira a ser descoberta com mais de três. "Nós sabemos que sistemas como este não são comuns. Há certamente muito menos do que 1% de estrelas que têm sistemas como o Kepler-11. Mas se é um em mil, um em cada 10 mil ou um em 1 milhão, não sabemos, porque só descobrimos um deles", afirmou Jack Lissauer, cientista da Nasa.
Os cinco planetas mais interiores do novo sistema planetário estão mais próximos da Kepler-11 do que qualquer planeta do sistema solar está do Sol. Os cinco primeiros têm órbitas que variam entre 10 e 47 dias, com massas de 2,3 a 13,5 vezes maiores que a Terra, enquanto o mais afastado completa sua órbita em 118 dias, mas ainda não teve a massa definida.
Na conferência de imprensa convocada pela Nasa para divulgar os resultados da missão, os cientistas afirmaram que os candidatos precisam ainda de acompanhamento para verificar se são planetas reais. "Temos 99% de certeza de que são planetas, mas ainda assim são apenas candidatos", afirmou Lissauer.
Sobre a possibilidade de encontrar vida nesse planeta, a professora de astronomia da Universidade Yale, Debra Fischer disse que ainda é preciso "paciência e muito dinheiro". "Este é o primeiro passo: perceber a frequência desses objetos. É um passo importante, o primeiro, mas outros passos precisam ser dados", disse.
O telescópio Kepler
Lançado em março de 2009, o Kepler mede a luz de 100 mil estrelas nas constelações Cisne e Lira. A esperança é encontrar planetas com tamanho e composição semelhantes às da Terra, dentro da chamada zona habitável - quente o suficiente para albergar vida mas não demasiado quente para vaporizar a água no estado líquido.
Desde o início da missão Kepler, foram descobertos 68 candidatos a planetas do tamanho da Terra e 288 maiores que o nosso planeta. Outros 662 planetas descobertos têm o tamanho de Neptuno, 165 são comparáveis a Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Outros 19 são maiores do que qualquer planeta do nosso sistema.
Com os dados do Kepler, astrónomos da Universidade da Califórnia de Santa Cruz (UCSC) analisaram a dinâmica orbital deste sistema planetário, cujos resultados aparecerão publicados na edição de Fevereiro da revista científica Nature.
Para determinar o tamanho e as massas dos planetas, a equipa de investigadores analisou as medições realizadas pelo observatório Kepler da Nasa, que captou a alteração da luminosidade da estrela quando os planetas que a orbitam passam à sua frente.
O fotómetro sensível do telescópio capta este momento em que se interrompe o brilho da estrela. Com as imagens, os cientistas podem conhecer o tamanho e a massa de cada planeta. "Este não só é um sistema planetário surpreendente, mas também valida um novo e poderoso método para medir as massas dos planetas", assinalou Daniel Fabrycky da UCSC, que dirigiu a análise da dinâmica orbital juntamente com Jack Lissauer, cientista da Nasa.
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