Cristais ajudavam vikings a orientar-se em alto mar

09-11-2011 12:18

Novo estudo sugere que o povo escandinavo utilizava espato-de-islândia

Há já várias décadas que os investigadores tentam perceber como os vikings, escandinavos que se destacaram na navegação e no comércio entre o século VIII e o século XI, conseguiam ser excelentes navegadores ainda antes de se ter descoberto a bússola e outros instrumentos de navegação, e em condições atmosféricas adversas. Num estudo publicado agora na «Proceedings of the Royal Society A», dá-se relevo a uma das hipóteses que tem sido levantada nos últimos anos: a orientação através da utilização de cristais.

Os investigadores, liderados por Guy Ropars, do Laboratório de Física de Lasers da Universidade de Rennes, defendem que os vikings utilizavam uma variedade de calcita para calcular onde se encontrava o sol, aproveitando a polarização da luz dispersada pelas nuvens. A pedra é conhecida como espato-de-islândia e encontra-se em abundância nos países do norte da Europa.

Nos séculos da chamada Era Viking, estes exploradores percorreram grandes distâncias. O seu território estendia-se da Escandinávia até à Gronelândia e à América do Norte.

As teorias sobre a utilização de pedras surgiram pela primeira vez nos anos 60 do século passado. Em 1967, o arqueólogo dinamarquês Thorkild Ramskou defendeu que os vikings podiam ter utilizado o cristal polarizador espato-de-islândia. A descoberta de um pedaço desta calcita a bordo do barco Elizabethan, que se afundou na ilha de Alderney em 1592, deu credibilidade à teoria de que é possível utiliza-lo para este fim.

A nova investigação demonstra que com este tipo de cristal é possível determinar a posição do sol com precisão e com uma margem de erro de um grau, até mesmo ao anoitecer, quando as condições meteorológicas são adversas.

Ainda no princípio deste ano, outra investigação de cientistas búlgaros sobre a polarização da luz assegurava que era possível que estes cristais tivessem ajudado os vikings a orientar-se.

Quando navegavam sob céus nublados giravam a pedra até localizarem o ponto em que o brilha aumentava. Determinavam uma linha que indicava onde estava o sol. Para não perderem a referência, colocavam uma tocha nessa posição para se poderem guiar.

Artigo: A depolarizer as a possible precise sunstone for Viking navigation by polarized skylight

 

Fonte:  Ciência Hoje