Grandes erros da ciência

02-10-2011 11:51

Alguns enganos na história da ciência

 

 

 

Nem os maiores cientistas estão livres da possibilidade de erro. Aliás, em ciência o erro não é a excepção, mas sim a regra. E só assumindo este facto é possível à ciência continuar a avançar. Falsas teorias, falhas no equipamento de pesquisa, preconceitos e religião provocam a maioria dos equívocos

 

 

::  Desencontros de corpo e alma

Para o católico Gottfried Leibniz (1646-1716) corpo e mente — que identificava com a alma — jamais se encontrariam.

 

::  Contrapeso de gás carbónico

 Georg E. Stahl (1660-1734)  dizia que o carvão ao queimar libertava a inexistente substância flogisto. Hoje sabe-se que se liberta dióxido de carbono.

 

::  A incrível cadela do conde Buffon

George-Louis Leclerc, conde de Buffon (1707-1788) achava que os ovários, em vez de ovos (femininos), produziriam esperma (masculino). Disse ter encontrado esperma em uma cadela.

 

::  A grande omelete de Malpighi

 Marcello Malpighi (1628-1694)  confundiu os biólogos da época ao afirmar ter visto um pinto gerado a partir de um ovo não fecundado.

 

::  Geração espontânea

Alquimista e o maior médico do século XVI, Paracelso (1493-1541) escreveu uma fórmula para a geração espontânea de  um homem, deixando apodrecer o sêmen durante quatro dias.

 

::  Perdeu a arca de Noé

Em 1726, o geólogo suiço  Johann Jakob Scheuchzer (1672-1733)  apresentou um fóssil de salamandra gigante pré-histórica como sendo de uma vítima humana do dilúvio, o que seria uma prova dos relatos biblicos.

 

::  A ilusão de óptica de Galileu

Galileu Galilei (1564-1642) considerava que os cometas não pasavam de fenómenos ópticos atmosféricos. Além disso, errou ao atribuir as marés à rotação da Terra — e não à atracção da Lua.

 

::  No centro do Universo

Durante dezoito séculos acreditou-se na teoria de  Cláudio Ptolomeu (século II) , que colocava a Terra e o homem no centro do Universo (Geocentrismo).

 

::  Uma raça de cíclopes

Pela teoria de Jean-Baptiste Lamarck (1798-1859), tirando-se um olho de animais recém-nascidos e cruzando-os, seria possivel criar uma raça de um só olho (Teoria dos caracteres adquiridos). Lamarck acreditava igualmente na geração expontânea de organismos simples.

 

::  Palavras ocas

Theodor Schwann (1810-1882) definiu acertadamente a célula como uma unidade básica da estrutura animal. Errou ao dizer que era oca

 

::  Um pára-quedas furado

Aristóteles (384-322 a. C.) sustentou, entre outras teorias erradas, que um corpo pesado cai mais rapidamente que outro, mais leve

 

 

::   O erro útil de Einstein

Quando aplicou ao Universo a sua recém-formulada teoria geral da relatividade, em colaboração com o astrónomo Willem de Sitter, Albert Einstein percebeu que o Cosmo estava em movimento, expandindo-se. Essa constatação fez com que pensasse que a sua teoria estaria errada, já que na época se acreditava que o Universo era estático. Para compensar essa expansão, Einstein introduziu na teoria geral da relatividade um termo extra, que chamou de “constante cosmológica” — uma espécie de energia do vácuo, que impediria a dilatação cósmica.

Em 1929, entretanto, Edwin Hubble comprovou que o Universo não é estático, mas está de facto em expansão e, portanto, a “constante cosmológica” estaria a mais. “É o mais grave erro da minha vida profissional”,  ter-se-á lamentado Einstein. Mas, como disse o escritor irlandês James Joyce, um homem de génio não comete erros: seus enganos são voluntários e constituem a porta da descoberta. A “constante cosmológica” de Einstein acabou por ser recuperada por Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, exactamente para explicar o modelo do Universo em expansão acelerada. É hoje é uma das bases da teoria do Universo pulsante, permitindo explicar como este entrará em retracção.

 

 

::  Pasteur, críticas 100 anos depois

Em 1878, Louis Pasteur pediu à sua família que nunca tornasse públicas as suas anotações de laboratório. Durante quase 100 anos o seu desejo foi cumprido, até que em 1964 os documentos foram doados à Biblioteca Nacional de Paris por um dos seus netos. Antes não o tivesse feito. Estudando as notas de laboratório de Pasteur, o historiador Gerald Geison, da Universidade de Princeton, diz ter encontrado evidências de que o comportamento de Pasteur não pode ser chamado de exemplar no que se refere à ética científica.

Segundo Geison, em 1881 Pasteur publicou os resultados da pesquisa de uma vacina contra o antrax/carbúnculo, num rebanho de ovelhas. O teste foi um sucesso completo: só os animais vacinados sobreviveram. A única coisa que Pasteur não teria informado é que as vacinas não haviam sido criadas mediante seu método de inativação por oxigénio, mas mediante uma fórmula idealizada por outro investigador, o qual faleceu pouco depois. Além disso, de acordo com Geison, Pasteur teria experimentado vacinas em seres humanos — e não apenas contra a raiva, o que seria compreensível devido ao desespero diante de uma doença fatal — que não tinham sido previamente testadas em animais.