Há 30 mil anos a produzir farinha

21-10-2010 12:26

As pessoas que povoavam a Europa há 30 mil anos eram capazes de produzir alimento de forma mais sofisticada do que se pensava. Ainda antes do cultivo de cereais se ter disseminado, o que aconteceu há 10 mil anos, o ser humano produzia farinha a partir de uma grande variedade de plantas.

O estudo publicado agora na «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS), depois de vários anos de experiências, deita por terra a ideia de que no Paleolítico a alimentação era apenas à base de carne e gorduras, sendo pobre em hidratos de carbono.

Os investigadores do Instituto Italiano de Pré-História e Proto-História de Florença, dirigidos por Anna Revedin, encontraram restos de grãos e diferentes plantas selvagens em utensílios idênticos a almofarizes e pilões. A datação por carbono 14 indicou 30 mil anos de antiguidade.

As amostras que fizeram parte do estudo foram recolhidas em sítios arqueológicos de Itália, República Checa e Rússia. Tudo indica que o processamento de plantas para a obtenção de farinhas seria uma prática habitual. Eram utilizadas raízes, sementes e rizomas de espécies como a Typha angustifolia e a Typha latifolia (conhecidas em português como tabua-larga ou foguete), entre outras.

A farinha obtida com a moagem era depois misturada com água e cozida, obtendo-se assim um alimento de alto conteúdo energético, que se conservava durante muito tempo e era fácil de transportar. Os caçadores-recolectores do Paleolítico podiam assim garantir o seu abastecimento mesmo quando as condições climáticas, ou outras, eram adversas.