Quasi-cristais ainda têm pouca aplicação prática
O cientista João Rocha disse hoje que a descoberta dos quasi-cristais, que valeu a Daniel Shechtman o Nobel da Química 2011, veio alterar o conceito de matéria, mas ainda tem pouca aplicação prática.
"O que esta descoberta teve de muito importante foi que o conceito que tínhamos de matéria foi alterado. Antes tínhamos materiais amorfos e materiais cristalinos e, desde então, temos também materiais que são quase cristalinos, que não são exactamente uma coisa nem outra", disse.
Segundo o director do Laboratório Associado Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos da Universidade de Aveiro, Shechtman descobriu um material que quando bombardeado com electrões, por um lado, se comportava como cristalino mas que, por outro, dava indícios de que não podia sê-lo.
Apesar de se tratar de "uma alteração de um paradigma muito importante nos domínios da cristalografia e da química", o investigador diz que, actualmente, a descoberta "não tem, ainda, praticamente interesse aplicado", mas “é um triunfo da curiosidade humana no seu estado mais puro", acrescentou.
Na passada quarta-feira, a Academia Sueca distinguiu com o Prémio Nobel da Química 2011 o cientista israelita Daniel Shechtman pela sua descoberta de quasi-cristais. Shechtman nasceu em 1941 em Telavive e é professor emérito no Instituto de Tecnologia de Israel, em Haifa.
Fonte: Ciência Hoje