Messenger entra na órbita de Mercúrio
A sonda ‘Messenger’ vai estudar o planeta mais próximo do Sol, mas os desafios são enormes, sobretudo devido às diferenças de temperatura entre a face exposta à estrela e a parte oculta.
Ao fim de seis anos e meio de uma complexa viagem pelo espaço, a sonda Messenger da NASA deverá estabelecer-se numa órbita à volta de Mercúrio (prevista para as 00:45 do dia 18 de Março de 2011, após uma viagem que dura já há cerca de 2400 dias), onde ficará durante um ano para estudar a fundo o planeta mais próximo do Sol, que é também o de menor diâmetro e o mais quente do sistema solar. A crucial manobra durará cerca de 15 minutos e a sonda, que transporta sete instrumentos diferentes, ficará a uma altitude de 200 quilómetros da superfície. O primeiro envio de dados está previsto para dia 4 de Abril.
Mercúrio tem intrigado os cientistas, pela elevada densidade, mas também pelo facto de ter a superfície mais antiga entre os planetas rochosos. Apesar do seu interesse científico, a Messenger será a primeira sonda a ficar na sua órbita, superados os difíceis problemas técnicos envolvidos nesta missão. Mercúrio move-se a grande velocidade e, dada a vizinhança do Sol, qualquer sonda tem de sobreviver a elevadas temperaturas. A nave terá também de resistir a enormes diferenças de temperatura. A Messenger dispõe de um sofisticado escudo cerâmico O conhecimento de Mercúrio baseia-se nas observações da própria Messenger e das três passagens próximas da Mariner 10, em 1974 e 1975. Quando a sonda entrar em órbita, a NASA espera obter informação que permita esclarecer melhor os mecanismos de formação e evolução dos planetas.
Em relação a Mercúrio, há sobretudo dois mistérios que intrigam a comunidade científica: a exosfera e o campo magnético.
Por ser pouco maior do que a Lua, Mercúrio deveria ter o núcleo sólido, mas o campo magnético sugere um interior líquido. Por outro lado, o planeta não tem atmosfera, mas existe uma camada invisível de materiais arrancados do solo pela força do vento solar. As partículas mais pesadas ficam perto da superfície, as leves são levadas para longe, e será da análise destes elementos que se espera elucidar a geologia do planeta. O primeiro equipamento da sonda a funcionar será, aliás, o espectrómetro.
A aceleração da Messenger a mais de 104 mil quilómetros por hora foi conseguida por intermédio de uma rota que aproveitou a gravidade, levando a sonda a efectuar três voos tangenciais por Mercúrio, dois por Vénus e um pela Terra.
Dada a velocidade estonteante a que a Messengerviaja pelo espaço, a desaceleração e a manobra de entrada em órbita consumirá mais de um terço do combustível que estava inicialmente a bordo, restando uma parte mínima para utilização em eventuais correcções de órbita.
Todas as instruções de aproximação, enviadas da Terra para a máquina, ao longo dos últimos meses, foram cumpridas sem incidentes.
Adaptado de: Diário de Notícias